Mas o que pode ser tão difícil ao responder essa pergunta? Talvez possa ser: “como eu faço com as contas no final do mês”? Ou quem sabe “vão pensar que eu não consegui”; pode ser que venha um questionamento mais ligado ao “o que eu vou dizer para as pessoas”… ou…. “como eu vou encontrar outro trabalho” ou ainda “minha esposa/meu marido não vai aceitar”.
Todos estas são possíveis respostas na lista que traria certamente outras cem opções, mas a grande verdade é que não importa como responder, vai ser sim difícil, mesmo se você estiver relativamente satisfeito na posição atual porém se sentindo pronto para algo novo; sair da zona de conforto sempre gera incerteza e uma certa ansiedade.
Para mim o maior desafio é de fato olhar para dentro… bem dentro mesmo para conseguir separar o que é situacional, ou seja, o contexto que você está vivenciando (um momento de maior pressão ou tensão na empresa; um gestor novo; um projeto com baixo resultado; clima organizacional difícil); e avaliar se seus motivadores de vida mudaram.
Sim, motivadores de vida mudam (ou as vezes temos mais coragem para aceitar aquilo que sempre gostamos de fazer mas não parecia a melhor carreira a seguir). Aquela história “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim” melhor deixar para a música. Nós temos características relacionadas a nossa personalidade, porém somos adaptativos e tão logo experimentamos o mundo, podemos nos interessar (e nos interessamos, que bom!) por coisas diferentes. Isso é a mistura da maturidade, visão de mundo, conhecimento (técnico), autoconhecimento, oportunidade, etc…
Ok, se olhar para dentro é o ponto primordial, melhor se feito alinhado com alguém que possa verdadeiramente te auxiliar nessa jornada de autoconhecimento. Pode ser um profissional da área (psicólogo, coach, orientador profissional, mentor) ou mesmo alguém do seu ciclo de amizade que tenha preparo para te ajudar; o importante é ter a troca; encontrar alguém que traga um olhar neutro e que possa desafiar suas “certezas”.
Se você está questionando se está chegando a hora de mudar para uma nova organização e seguir na mesma área, antes de seguir em frente te sugiro um exercício:
Coloque em uma folha de papel uma lista do que você valoriza e depois como você mensura estes fatores no seu atual empregador versus a empresa ideal:
Alguns exemplos de itens para você avaliar: A) Autonomia, B) Perfil do seu Gestor, C) Participação em Projetos Globais, D) Clima Organizacional, E)Flexibilidade de Jornada, etc….. (veja o que faz mais sentido para você – e seja honesto com você mesmo).
Avalie com imparcialidade o seu atual empregador e coloque exemplos concretos para justificar a sua classificação. Dividir essa analise com essa pessoa que está te auxiliando é muito válido assim como entender se aquilo (resultado da sua avaliação) ocorre apenas com você ou se é algo que você observa em diferentes áreas, sendo sim parte da cultura organizacional.
Depois pense o que você precisa investigar durante um processo de seleção para tentar se certificar que suas expectativas serão atendidas na potencial nova empresa. Seja sincero com você para evitar frustrações. Apenas a análise realista dos fatos vai te ajudar a planejar o próximo passo racional; não agindo por impulso e saindo pela primeira proposta que você receber.
Mudar de empresa após períodos muito curtos (mais ou menos um ano) pode ser muito desgastante (emocionalmente e profissionalmente) e até prejudicar a sua linha de desenvolvimento. O interessante é abrir e fechar ciclos para acumular experiências mais consistentes por isso que mudar requer planejamento (aproximadamente 3-5 anos).
Por outro lado, deixar esse tema “de lado” e sentir aquele “aperto no peito” todo domingo no final da tarde não faz bem para ninguém. Curtir o final de semana é essencial, porém notar um sofrimento real com a proximidade de reiniciar mais uma semana de trabalho é sinal de atenção.
Analise com cuidado os seus motivadores de carreira; o ambiente que você está vivenciando; o que você pode mudar dentro de você ou para onde você eventualmente poderia mudar dentro da mesma empresa antes de decidir sair.
Trabalho e Felicidade não estão em lados opostos; mas sejamos realistas: como tudo na vida está ligado as nossas escolhas e ao quanto estamos dispostos a nos dedicar a esse propósito.
Pensando que hoje é domingo…. responda para você mesmo… como você se sente para começar a nova semana?
Raquel Rabelo